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Sozinha

  • Cupim
  • 22 de mar.
  • 1 min de leitura

Isabella Betoni




I


Habitar a casa

em silêncio

saboreando o tempo

que se abre: desdobra

em medos. angústias.

Mas também prazeres

tão banais quanto

deitar na cama em posição diagonal 

sem saber qual é o dia do mês 

ou a hora da madrugada 

em que chega o poema



II


Massagear os dedos com a 

caneta que range 

ao encontrar a folha

Ruído solene: companhia



III


Usar a madrugada para 

pisar o texto com fôlego

(como as uvas nos barris);

deixar o tempo agir.

Ver as palavras ganharem 

pequenas rugas, 

rusgas, 

rasgos




 

Isabella Bettoni nasceu e vive em Belo Horizonte, Minas Gerais, onde atua como advogada feminista, pesquisadora e escritora. Seu primeiro livro, Brincando de fazer poesia, foi lançado em 2008 pela Editora Uni Duni com poesias para crianças em fase de alfabetização. Participa de cinco antologias, com destaque para Antes que eu me esqueça: 50 autoras lésbicas e bissexuais hoje (Quintal Edições, 2021) e Coleção Desaguamentos Vol. I - Poesia de autoria feminina (Editora Escaleras, 2021). Além disso, integra a equipe do Fazia Poesia e tem textos publicados em portais e revistas como Ruído Manifesto, Tamarina, Mormaço, Declama Mulher, Revista La Loba e Revista Minha Voz. É autora de não tentar domar bicho selvagem (Quintal Edições), de onde este poema foi retirado.


Ilustração: Clara Amorim,



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